Pesquisadores e representantes de comunidades discutem a situação dos quilombolas no Brasil no “Encontro final”
Por PPGCSPA em 29 de fevereiro de 2016
O Programa de Pós-Graduação em Cartografia Social e Políticas da Amazônia – PPGCSPA (UEMA), em parceria com o projeto Nova Cartografia da Amazônia, PNUD e SEPPIR realizaram nos dias 22 e 23 de fevereiro, no auditório do prédio dos cursos de Arquitetura e Música – Praia Grande, o “Encontro Final: processo de validação do acervo digital referente às comunidades quilombolas do Brasil”.
Coordenado pelos professores pesquisadores Cynthia Carvalho Martins (UEMA), Alfredo Wagner Almeida (UEA), Rosa Elizabeth Marin (UFPA) e Emmanuel de Almeida (UEA), o encontro que envolveu professores, pesquisadores e membros de diversas classes sociais, teve como objetivo montar um banco de dados que servirá como referência para alimentar informações que irão subsidiar consultas sobre as questões quilombolas em todo o Brasil.
Segundo a professora Dr.ª Cynthia ( Coordenadora do PPGCSPA), nesse banco estarão registradas as áreas de conflitos, as áreas já reconhecidas pela Fundação Cultural Palmares, as que estão aguardando a desapropriação e as desapropriadas. O banco reunirá, também, documentos do Ministério Público, do Senado Federal, do Supremo Tribunal Federal e de outras instituições brasileiras.
A professora acrescentou, ainda, que essas informações são dados importantes no que diz respeito aos quilombos do País nas diversas épocas de sua existência e estão sendo debatidas por representantes de comunidades dos estados do Maranhão, Pará, Tocantins, Mato Grosso, Minas Gerais, Piauí, Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Na verdade, o Projeto como um todo acontece em três instâncias: a primeira é a montagem do Banco de Dados; a segunda será a publicação de 8 livros escritos pelas próprias comunidades; e a terceira fase é a realização de um curso de Formação em Sistema de Informações Geográfica, que foi oferecido entre os dias 24 e 26 deste mês, no UEMANET – Campus Paulo VI, São Luís –, para lideranças de comunidades quilombolas e pesquisadores.
Os livros, que já estão em fase final de montagem, registram fatos históricos que aconteceram e acontecem nessas comunidades. São eles: Brejo dos Criolos: processos sociais, identidade e resistência; Direitos, Resistência e Mobilidade: a luta dos quilombolas de Alcântara contra a Base Espacial; Luta pelo controle de Várzea do Rio Arari e violências praticadas por civis e militares contra os quilombolas; Trilhas Percorridas por uma Militante Quilombola: vida, luta e resistência; Lideranças quilombolas dos rios Arari e Gurupá “Diante da Lei”; Lutas em Memória: a luta pela ‘terra’, reforça a luta em defesa dos ‘territórios’ quilombolas; e Nice Guerreira: mulher, quilombola e extrativista da floresta.
De acordo com o pesquisador Alfredo Wagner, mais de 20% das terras nacionais são dos quilombolas, no entanto, essas propriedades não são tituladas. “Ao fazer esse trabalho, conquistaremos o reconhecimento jurídico e cultural da expressividade desses povoados, que conquistarão também algo que o sistema de ensino esqueceu, que é a história desses grupos, pré-abolição e pós-abolição. Então, considero uma oportunidade muito boa de se abrir uma discussão de direitos territoriais das comunidades quilombolas no Brasil”, enfatizou Wagner.
Texto original: http://www.uema.br/2016/02/pesquisadores-e-representantes-de-comunidades-discutem-a-situacao-dos-quilombolas-no-brasil/