Altaci Corrêa Rubim: a primeira professora indígena da UnB


Por em 27 de junho de 2022



 (crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press)

Altaci Corrêa Rubim

Altaci Corrêa, 47 anos, é uma mulher, índigena, nascida no interior do Amazonas. De familía pobre, precisou superar o preconceito, a violência e os problemas de saúde para se tornar a primeira professora Indígena da Universidade de Brasília (UnB).

Criada na comunidade de Santo Antônio, aprendeu a ler e a escrever na pequena e única biblioteca da cidade. Lutando pela própria sobrevivência, terminou a educação básica e o magistério. E pela primeira vez, na comunidade de Ticuna, exerceu a carreira de professora na vila Betânia. E dois anos se passaram, até o prefeito dizer que não pagaria mais os docentes: era o momento de tentar a vida na capital.

Em Manaus, seu primeiro trabalho foi como doméstica. Entretanto, as dificuldades não foram o suficiente para fazê-la desistir do sonho. Com roupas emprestadas, fez uma entrevista e logo foi contratada para dar aula de matemática numa escola. Daí em diante, a carreira no magistério decola, já como prelúdio da brilhante trajetória acadêmica.

Aprovada no concurso da Secretaria Estadual de Educação de Manaus, fez duas especializações. Era hora, então, de começar o mestrado em antropologia. Sob a orientação de Alfredo Wagner Berno de Almeida, expandiu os horizontes.

Alfredo Almeida, Altaci Corrêa Rubim e membros da banca.

“Cresci como pessoa, como pesquisadora indígena, e me tornei militante, porque viajei muito, conheci a realidade de outros povos que passaram situações como as que nós passamos. Acabei me tornando oficineira de mapeamento situacional de povos e comunidades tradicionais da Amazônia, levando formação em direitos indígenas, saúde, educação, elaboração de material didático”, elenca.

Terminado o mestrado, Altaci logo passa na seleção para o doutorado na UnB, em 2012.  A tese O reordamento político e cultural do povo Kokama: a reconquista da língua e do território além das fronteiras entre o Brasil e o Perú foi apresentada em 2016. Em 2018, o primeiro lugar para o cargo de professora adjunta do curso letras/português do Brasil como segunda língua na UnB selou o esforço de uma vida dedicada à busca de direitos para os povos tradicionais.

Correio Braziliense



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