Apresentação

O Programa de Pós-Graduação em Cartografia Social e Política da Amazônia (PPGCSPA) é resultado de uma parceria firmada entre a Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), por meio do Departamento de Ciências Sociais – e o Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tendo como produto inicial a Associação Temporária, recentemente aprovada pela CAPES, com vistas à consolidação do curso de Mestrado em Cartografia Social e Política da Amazônia.

A Amazônia se configura, contemporaneamente, como um espaço social marcado por conflitos e problemas ambientais, decorrentes de disputas territoriais intensas que envolvem agentes sociais diferenciados. Na Amazônia existem diversos grupos étnicos que possuem maneiras próprias de construção de suas territorialidades, as quais nem sempre são consideradas pelo ordenamento territorial vigente, nem tampouco pelas políticas governamentais e de empreendimentos econômicos privados. As cartografias já produzidas oficialmente retratam aspectos relacionados ao meio físico ou subsolo e são construídas, em algumas situações, sob a ótica da intervenção e de integração das comunidades tradicionais ao modelo hegemônico de concepção da sociedade sob o viés do indivíduo.

A cartografia social e política, diferentemente das cartografias tradicionais, tem como objetivo a identificação dos modos através dos quais os agentes sociais acionam questões étnicas e constroem os seus pertencimentos, suas cosmovisões e saberes, em inter-relação com os diferentes ecossistemas. Dessa forma, a cartografia social e política considera essas territorialidades específicas dando visibilidade aos modos de criar, fazer e viver das diferentes comunidades tradicionais.

Para tanto define condições de possibilidade de atração de alunos de diferentes pontos da Amazônia (Acre, Amazonas, Roraima, Tocantins, Pará, Rondônia e Amapá), que se encontram diretamente referidos ao desenvolvimento sustentável de povos e comunidades tradicionais.

O debate atual acerca do desenvolvimento da região amazônica introduz novas questões a respeito das perspectivas que se têm colocado em prática no modo de concepção de tal desenvolvimento. A análise crítica de tais concepções, à luz das formas de territorialidades diversas, vivenciadas pelas comunidades tradicionais, faz dessa região um importante lócus de pesquisa que exige o acionamento de múltiplos instrumentos metodológicos a serem apropriados para a identificação das especificidades dos processos de construção territorial e dos conflitos dela decorrentes. Implica, ainda, a necessidade de mobilização de um acervo teórico que permita o trato com as diversas situações sociais e os processos políticos em curso na Amazônia.

O Programa de Mestrado aqui proposto, destina-se a oferecer sólida formação teórica nas áreas de ciência política e antropologia, com aportes das áreas de sociologia, economia e geografia, com capacidade para a formação intelectual e profissional de mestres com conhecimento transversal sobre a realidade amazônica e com habilidades para analisar criticamente e propor projetos alternativos para as diversas situações sociais, políticas e ambientais que estão em curso na Amazônia.

Iniciamos, nossas atividades, em agosto de 2013 com a doação da biblioteca “Diana Antonáz” composta por um acervo integrado por títulos na área de antropologia e sobre a Amazônia. Recebemos ademais a doação de livros raros feita pela professora Dra. Conceição Raposo que tratam de contextos específicos da história econômica do Maranhão e versam sobre temas como a economia do babaçu e do algodão.

No campo da pesquisa científica elencam-se projetos já aprovados por instituições de incentivo:

  1. “Mapeamento Social como instrumento de gestão territorial contra o desmatamento e devastação: processo de capacitação de povos e comunidades tradicionais”, financiado pelo Fundo da Amazônia;
  2. “Territórios e recursos de povos e comunidades tradicionais em colisão com obras de infraestrutura e estratégias empresariais na Amazônia” aprovado pelo CNPQ;
  3. “Narrativas orais e transmissão de saberes de povos e comunidades tradicionais” aprovado pelo IPHAN; “Arqueologia dos engenhos na Baixada Maranhense”, financiado pela FAPEMA.
  4. “Centro de Ciências e Saberes: experiências de criação de Museus Vivos na afirmação de saberes e fazeres representativos dos povos e comunidades tradicionais” (MAST, UEA, UEMA)

Contamos, ainda, com o projeto de apoio à implantação deste Programa intitulado “Estruturação do Programa de Pós-Graduação em Cartografia Social e Política da Amazônia”, financiado pela Fundação Ford.

Objetivos do Curso/Perfil do profissional a ser formado:

  1. Formar profissionais capazes de refletir teoricamente sobre os processos de territorialização que estão em curso na Amazônia, com ênfase nas ações estatais e privadas, bem como nas representações e práticas dos agentes sociais, mobilizados em movimentos sociais que acionam uma identidade coletiva;
  2. Analisar os procedimentos de intervenção do Estado, como atos de poder, que perpassam uma diversidade de experiências na Amazônia contemporânea, em especial as representações cartográficas oficiais e a fundamentação que estas oferecem às intervenções;
  3. Examinar e decompor os elementos contraditórios de planos, projetos e programas governamentais;
  4. Investigar as interpretações das relações socioeconômicas retratadas por acadêmicos, técnicos e políticos;
  5. Analisar as representações, expressões, conhecimentos e técnicas, bem como objetos, artefatos e lugares, reconhecidos por povos, comunidades ou grupos, como elementos de seu patrimônio cultural, comumente acionados na afirmação de suas identidades.